sexta-feira, 10 de maio de 2013

n#OO2 Laranja Mecânica

"It's funny how the colours of the real world only seem really real when you viddy them on the screen"
Clockwork Orange



Laranja Mecênica. Se você ainda não viu esse filme, deixe esse blog de lado e vá ver o filme imediatamente. Tudo no filme é perfeito. O roteiro, a maquiagem, a música, o figurino, cenário e atuação. Baseado no brilhante romance de Anthony Burguess, o filme nos trás o que há de mais polêmico na verdade da violência psicológica. A violência que sempre trará violência. A boa e velha Ultra Violência.

Alex é um jovem inglês líder de uma pequena facção de quatro rapazes que saem pelas madrugadas usando alucinógenos, violentando mulheres, espancando mendigos, idosos.... Tudo isso na mais pura diversão e sarcasmo. Em uma dessas investidas Alex é levado para uma casa de detenção em que é condenado a vários anos de prisão. Dentro detenção, para conseguir um melhor tratamento, ele auxilia o capelão do presídio e assim descobre da nova técnica de tratamento usada nos prisioneiros que garante a liberdade imediata. Alex candidata-se nesse mais puro tratamento behaviorismo.

Para evitar que toda a violência seja refeita ao sairem, os prisioneiros são forçados a passar por este programa de condicionamento dos comportamentos anormais em que são obrigados a assistir filmes com cenas de violência inegáveis em que antes destas sessões é injetado um medicamento que provocam insuportável náusea. Em que toda vez que forem voltados as cenas em sua mente um mal-estar físico iria neutralizar sua agressividade natural e assim transformando em um cidadão "exemplar". 

O que Freud diria sobre isso? Não... O que na verdade os Behavioristas diriam sobre isso! 

Quem fundamentou esta teoria de condicionamento foi o fisiologista russo I. Pavlov no início do século XX e desenvolvida mais tarde por J.B. Watson e B.F. Skinner (psicólogos norte-americanos). Ivan Pavlov, ganhador do Nobel, ficou famoso por sua pesquisa em um campo sobre o papel do condicionamento na psicologia do comportamento. Enquanto John B. Watson é considerado o fundador do Behaviorismo,  Burrhus Frederic Skinner conduziu seus trabalhos pioneiros na psicologia experimental e foi o propositor do Behaviorismo Radical o qual seu trabalho base refere-se a compreensão do comportamento humano através do comportamento operante.

Esse filme é uma clara manifestação do Behaviorismo expondo uma sociedade não apenas cerceadora mais ao mesmo tempo igualmente uniformizada. Em várias partes do filme vemos claras utilizações behavioristas como o condicionamento do soro experimental, a música o qual Alex não consegue mais ouvir sem náusea... O mais interessante é a crítica central do filme desta Ultra violência que em ao final mesmo depois do processo e do sofrimento ocorrido, o jovem volta como era antes. A transformação não o mudou por um tempo prolongado e sim por um curto prazo. Alex havia nascido daquela forma e por isso não poderia ser "transformado" pelo Sistema.

Segundo Émile Durkheim, a desordem Social deve ser tratada antes que tudo como uma patologia para que não afete a sociedade como um todo. E no filme, as instituições no geral como a família, o  Sistema penitenciário  o Governo e a Polícia são possuidores de inúmeros conflitos prejudicadores da "ordem" social. É até cômico a desordem em que Alex e seu bando fazem contrapondo toda o controle de mente e da desordem psíquica de todas as outras instituições que julgam Alex e seu grupo.

No filme o Estado faz uma demonstração pública a fim de informar da eficácia do métodos utilizdo em Alex. Um método para restabelecer o convívio social dos criminosos. Em que mesmo os "criminosos" mudando eles voltariam para a mesma sociedade patologicamente deficiente de antes. Durkheim e Wtason defendiam a ideia de que o homem era um animal selvagem que apenas aprendia a viver socialmente observando os comportamentos alheios. O que os difere é que todo indiíduo humano possui desejos próprios que o distiguiam dos demais indivíduos.

Por isso que Alex ao final mostra seus desejos primitivos reafirmados.



quinta-feira, 9 de maio de 2013

n#OO1 Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças


"I Loved you on this day. I love this memory" 
Eternal Sunshine of the Spotless Mind 




A história fala de um amor. Um amor sem fronteiras temporais ou fisiológicas. Tudo começa a acontecer quando Clementine (Kate Winslet) resolve, depois de um relacionamento conturbados de brigas, terminar com Joel (Jim Carrey), e ao terminar resolve fazer um procedimento cirúrgico de apagar Joel de sua memória. Após saber da atitude de Clementine, Joel resolve apagar sua memória também e tudo que restou de Clementine. O interessante deste filme além de sua direção maravilhosa feita por Michel Gonry, podemos ver como o roteiro é bem bolado. Todo o filme é contato de trás para frente. Com diversos sentidos e mensagens propostas pelo filme. "Amor de verdade nunca se esquece"? "Não tem como apagar de verdade alguém nem se tivesse algum procedimento cirúrgico para o amor?" Ou quem sabe: "amor, é inapagável?"

Antes de mais nada o que apagar uma lembrança? Para a visão junguiana seria talvez a renuncia de um aspecto próprio da identidade, uma característica pessoal própria vivenciada com emoções e percepções únicas. Clementine por exemplo, ao remover Joel de suas lembranças, renegou todas as emoções e aspectors daquela realidade que um vez teve. Viram todas sombras de uma lembrança que nunca existiu. Tornando-se por fim sentimentos de indiferença em relação ao próprio Joel.

E o que Freud diria sobre isso. "É a sua mãe!" Quero dizer.... :
"Bastar-nos-á, pois, saber o lugar no qual encontrar a recordação assim fixada para podê-la reproduzir" Freud
O filme tem a psique em todo o texto. Esses fantasmas o qual é chamado de memória faz que com um simples movimento apague o que protegia e o que tinha sido desenhado. E Freud, aah sim, Freud. Ele já sabia sobre essa ideia da memória fantasmagórica. Tanto que nada melhor do que começar esse blog com um filme o qual todos os personagens do filme transpõem uma visão psicanalítica do mundo.

Visão que, vamos combinar, o cinema sempre amou...

...e nós também.



n#OOO Hasta La vista, Freud.

Bem vindo ao  PsicoPopcorn, onde Psicologia e Cinema andam juntos.



Meu nome é R. Moura, estudante do quarto período de Psicologia e completa amante do cinema e de tudo de mais belo que essa arte trouxe. É com grande prazer que trago este blog à qualquer leitor que tenha interesse sobre Psicologia ou Cinema. Esse post inicial é uma explicação daquilo que uma vez já se foi e daquilo que várias vezes ainda serão. O começo dos começo das nossas incomensuráveis memórias. O que realmente terá esse blog? Teremos as resenha dos filmes, links de domínio público, imagens, videos, entrevistas e tudo o que você imaginar que tenha a ver essas duas áreas. E tudo com o mais sarcástico e irônico humor terapeuta. Bom, não vou me prolongar muito neste texto inicial, então todas as dúvidas, elogios, reclamações e receitas de bolos que tiverem serão todas bem vindos nos comentários.Para aqueles que se vão au revoir e para aqueles que ainda nos veremos nos posts seguintes, Hasta La vista, baby.